Alberto Caeiroalberto-caeiro

Ricardo Reisricardo-reis3

Álvaro de Camposalvaro-de-campos3

O tempo foge-me entre os dedos. Por isso, ainda não havia tido oportunidade de postar as primeiras experiências.

Aqui ficam. A primeira experiência refere-se a Alberto Caeiro, enquanto que a segunda se refere a Ricardo Reis.

Uma destas manhãs, saí de casa com olhos de lince, focados nos exemplos tipográficos que cruzassem o meu caminho. Desci as escadas do meu prédio e mal cheguei à entrada, lá estava um caracter, o número que diferencia o meu prédio daqueles que o rodeiam. “Pimba!”, encontrei o primeiro exemplo. Continuei aquele trajecto que faço todos os dias, de forma desatenta e sonolenta. Continuei a andar e só parei na paragem do autocarro, pelo meio encontrei uma placa velhinha que identifica a outrora estação de comboios. Um tipo de letra desgastado, de tempos remotos, mas com uma fonte muito próxima de algumas que ainda hoje encontramos nos programas de texto dos nossos computadores. Mas, a paragem de autocarro foi o primeiro grande spot de publicidade com que me deparei. Cartazes de um lado, cartazes do outro. Cartazes, cartazes… Repletos de texto e imagem. Mas em cada pedacinho de texto reconhecia conceitos tipográficos abordados nas últimas aulas de design. Enquanto o autocarro não vinha, lá fui debruçando a minha atenção e analisando as letrinhas. Tantas letrinhas. E aí pensei, mas afinal o que são as letras? O que é que nos transmitem? Como conseguem expressar a mensagem que se pretende? Como é que o emissor as utiliza de forma a que o receptor/leitor interprete a mensagem correctamente? Afinal o que é realmente a tipografia e para que serve?

Fui rapidamente invadida por inúmeras perguntas. Posteriormente, procurei obter respostas para as mesmas. Mantive-me atenta às revistas e jornais, aos outdoors… Vi alguns exemplos de projectos tipográficos na Internet. Pesquisei.

A tipografia (do grego typos — “forma” — e graphein — “escrita”) é a arte e o processo de criação de um texto, física ou digitalmente.  Segundo Perrota , tipografia não é somente o desenho das formas das letras, mas também a sua organização no espaço. Não é somente desenvolver uma fonte, mas também fazer o bom uso dela. Uma palavra bem ajustada é o ponto inicial de toda a tipografia, sendo fundamental a legibilidade e a envolvência do texto. Outra definição é dada por Wolfgang Weingart: “Tipografia é transformar um espaço vazio, num espaço que não seja mais vazio. Isto é, se temos uma determinada informação ou texto manuscrito e precisamos dar-lhe um formato impresso com uma mensagem clara que possa ser lida sem problema, isso é tipografia.”

A simplicidade, a legibilidade e a coerência visual são objectivos tipográficos.

Na base do projecto tipográfico está a escolha da fonte e esta deve ter em consideração aspectos como:

·                    A força dos traços e a posição

·                    Inclinação das letras (redondo, negrito, fraco, itálico)

·                    Largura dos caracteres (expandido, condensado, normal, estreito).

Para além disso, existe ainda outros factores externos como a cor dos caracteres, a cor do papel ou do fundo e o tipo de impressão ou suporte utilizado.

Mas, na minha opinião, a boa utilização dos recursos técnicos para a concretização de um projecto tipográfico deverá ter como principal função transmitir o objecto da publicação, e isto, por vezes, extrapola a própria funcionalidade do texto. As letras têm como função representar aquilo que é dito, sendo esta uma “árdua tarefa” já que a representação do tom de voz, da expressão, do sentido das palavras é, sem dúvida, difícil de ser realmente expressado.

Conseguir que o leitor perceba a mensagem e se deixe envolver e cativar pelo texto necessita de uma grande dose de sensibilidade. Os tipógrafos, os designers gráficos e qualquer leigo que se aventure na experimentação da tipografia, devem conhecer o público a que pretende atingir e utilizar a técnica não de forma rígida e formal, mas de forma livre para que a mensagem passe espontaneamente.

Para terminar, sugiro dois vídeos visualizados durante a aula prática, que me parecem ilustrar correctamente a minha visão da tipografia, como um meio que representa e expõe os conteúdos e os seus contextos.

P.S.: Estamos completamente cercados de exemplos tipográficos.

Recursos:

http://www.mxstudio.com.br/forum/index.php?showtopic=609

http://janelavista.wordpress.com/2008/11/21/conceitos-basicos-de-tipografia/

http://www.unb.br/fac/ncint/pg/galeria/tipografia.htm

http://www.will-harris.com/type.htm

http://www.pplware.com/2007/11/05/curiosidades-o-que-e-a-tipografia/

http://www.slideshare.net/shawncalvert/intro-to-graphic-design-week-4-type-overview-presentation

 

 

 

Alguns exemplos.

Escolha musical

A minha primeira escolha musical apostava numa música letrada do género R&B. Mas ao tentar fazer as primeiras composições, apercebi-me que a letra da música limitava-me de certa forma e não me permitia uma grande desconstrução da realidade. Assim, optei por uma música instrumental que me daria mais liberdade de expressão.

Pesquisei um pouco e “Fantastic Instrumental” foi uma das primeiras músicas que ouvi e, talvez por não haver amor como o primeiro, acabou por ser a minha escolha final.

Este instrumental seduziu-me por ter um vídeo bastante sugestivo e engraçado e também por ser bastante ritmada. A música sugere ideias como o movimento, principalmente movimento circular e a vontade de ir/de dinamizar. Os vários tons e sonoridades acompanham a ideia de gradação, já que os primeiros sons sugerem algo grande e depois os restantes sons vão sugerindo proporcionalmente algo mais pequeno.

A simplicidade do instrumental e a sugestibilidade do vídeo foram fulcrais na sua escolha.

 

Pesquisa

“Libertem-se do jugo da máquina e observem/desconstruam o que vos rodeia!”

A conselho do professor parti na aventura de desconstruir o mundo que nos rodeia. Saí da sala e com um telemóvel na mão, fui observando as coisas sem as ver como um todo, identificando em muitas delas um ou mais elementos básicos de comunicação visual. Esqueci o todo e vi só as partes que o constituem.

Com muita pena minha, não pude dispor de tanto tempo como queria e como necessitava na pesquisa fotográfica. Por isso, posteriormente complementei-a com uma pesquisa de imagens na Web.

 

Composição

Esta parte do processo foi sem dúvida a mais difícil e a mais trabalhosa. As ideias iam surgindo mas depois no seu todo não funcionavam. Experimentava e de repente as ideias esgotavam-se. Comecei a pegar nas fotografias enquanto ouvia a música vezes e vezes sem conta e fui editando-as de maneira a encaixarem naquilo que a música me transmitia. Surgiram alguns projectos, alguns nem guardados.

Depois, optei por pensar em ideias diferentes para as duas composições (uma composição quadrangular e outra circular). Na composição em formato de quadrado optei por traduzir as ideias simbólicas, isto é, a vontade de ir e de dinamizar (linha de comboio), sempre associadas ao movimento e à escala. Por outro lado, na composição em formato circular optei por trabalhar mais a ideia de movimento circular, dos vários círculos que a música sugere, e também a anteposição do grande e do pequeno, usando para tal várias fotos de botões de diversos tamanhos e de diversas cores.

 

Em suma, nasceu um projecto sempre a tempo de crescer e de melhorar.

A pesquisa é um processo continuo que não pode nem deve cessar. Assim, disponibilizo mais imagens, umas recolhidas fotograficamente por mim e, outras resultantes de uma pesquisa na Internet.

A libertação do “jugo da máquina” compensa , o real  desconstrói-se e nós podemos ver com mais clareza e precisão.

As primeiras experiências.